quarta-feira, 22 de julho de 2009

Diga não ao tráfico de animais!


O Dendrito tomou conhecimento e resolveu apoiar a campanha "Isto acontece porque você compra" do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), para conscientizar a população sobre a questão do comércio ilegal de animais silvestres. A campanha consiste na distribuição de peças gráficas (posters, adesivos, cartazes) com imagens impactantes de animais mortos e promoção de palestras sobre o tráfico de animais silvestres. Atualmente milhares de animais silvestres da fauna brasileira são exterminados devido a maus tratos empregados no tráfico ilegal. Estima-se que a sobrevivência ao transporte de muitas espécies seja de 10% (a cada 10 animais capturados, 1 chega vivo ao comprador ilegal). Por mais bonitinhos e divertidos que sejam, o comércio ilegal destes animais é proibido pela lei federal n° 5.197/67.

Embora a morte direta durante o transporte e captura seja um dos maiores problemas relacionado ao tráfico, a falta de informações sobre o comportamento, tamanho máximo atingido e dieta por por parte do comprador acabam por resultar em outra questão importante: a bioinvasão por expécies exóticas. Muitas pessoas, depois de adquirir um animal, acaba por se cansar dele, seja porque não sabe cuidar, o bicho cresce demais, ou mesmo perde o interesse, e acha que o melhor a fazer é solta-lo em ambientes selvagens. O problema é que nem sempre o animal ocorre naturalmente neste ecossistema e pode competir e reduzir a população de espécies autóctones.

Este foi o caso da introdução de duas espécies de sagui na reserva Poço das Antas, no município de Silva jardim. Diversos indivíduos de sagui como o sagüi-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), nativo do nordeste Brasileiro e o sagüi-de-tufo-preto (Callithrix penicillata), nativo dos Estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e interior da Bahia, foram deliberadamente soltos no ambiente e aumentaram em grande número. A competição por recursos com o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), acabaram por reuzir significativamente a população do segundo que é endêmico a região (só ocorre lá). O resultado é que hoje os administradores da Unidade de Conservação têm praticado ações de manejo que incluem castração e eutanásia de saguis para garantir a sobrevivência dos mico-leão-dourados.

Outro problema relacionado à soltura de animais sem o devido cuidado é a introdução de doenças adquiridas no cativeiro nas populações silvestres. Sem contar que a chance de sobrevivência no meio selvagem de um animal que ficou enjaulado por longo período é muito curta.

Caso a pessoa resolva se desfazer de um animal adquirido, mesmo que ilegalmente, o melhor a fazer é entregá-lo ao IBAMA, a um Centro de Triagem (CETAS), ou, de Reabilitação. O decreto federal nº 6514, de 2008, garante a não aplicação da pena a pessoa que espontaneamente devolver às autoridades competentes um animal sem origem controlada.

É bom lembrar que a venda, criação e abate de animais silvestres é regulamentada por diversas resoluções do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), orgão consultivo da Política Nacional de Meio Ambiente, e pode ser praticada desde que se obtenha autorização do orgão competente - na maioria das vezes, o IBAMA. Isto quer dizer que, se alguém tem interesse em ter um animal da fauna silvestre como pet, deve seguir uma série de normas e estar cadastrado no SISFAUNA (Sistema de Gerenciamento da Fauna) para ter sua situação legalizada e poder garantir o bem estar e saúde do animal e seu dono, além de ter a garantia da origem do bicho.

Quem tiver mais interesse sobre a campanha pode ler o Relatório Semestral ou acessar o sítio do IBAMA (lá encontra-se toda a legislação vigente).

Para a mídia, reproduzo uma série de recomendações sobre a exibição de programas sobre fauna, do relatório citado (O Richard Rasmussen deveria dar uma olhada nisso):

1) Não exibir animal silvestre sem origem legal;
2) Cuidado ao exibir animais silvestres com origem legal: isso também pode estar estimulando o
consumo dos animais sem origem;
3) Não estimular o consumo ou recomendar o animal silvestre como pet;
4) Não exaltar características do animal silvestre como afetividade com humanos, doçura, inteligência para aprendizado, etc;
5) Não perseguir ou apanhar animais silvestres, mesmo que para soltura imediata;
6) Não demonstrar ou descrever técnicas de captura do animal silvestre;
7) Não divulgar o valor do animal no comércio ilegal ou mesmo legal;
8 ) Em dramaturgia (novela, cinema, teatro) evitar exibir animais silvestres em cativeiro, ainda que tenham origem legal;
9) Se for utilizar animais silvestres oriundos de criadouros, checar antes com o Ibama a situação
desse criadouro junto ao órgão;
10) Não produzir provas, desafios, concursos com animais silvestres e muito menos premiar os
proprietários desses animais;
11) Em reportagens sobre o tráfico, ao exibir os métodos cruéis, esclarecer ao espectador que não se deve comprar o animal silvestre para cessar aquela situação, pois isso só aumenta a captura;
12) Não humanizar animais silvestres, por mais agradável ou engraçado que possa parecer (colocar roupinhas, fazê-los executar jogos, operar brinquedos, etc.);
13) Desmistificar sempre as crendices associadas aos animais, como: sorte, azar, atrai amor, cura
doenças, etc;
14) Lembrar que animais ideais para viver ao lado dos humanos são os animais domésticos;
15) Estimular e agregar valores à observação de animais em vida livre;
16) Preocupar-se com a produção de sentido. Perguntar sempre: que efeito essa apresentação vai gerar na cabeça do espectador?

[Modificado dia 25/07 para corrigir informações]

terça-feira, 21 de julho de 2009

Praças para Campos

Este mês o tema da Rede Blog é: "Praças - opções de lazer infantil em Campos". A sugestão do blogueiro Jules Rimet venceu por W.O., pois não houve outra sugestão. Bem, seguindo a linha do Dendrito em priorizar temas ambientais e culturais, tratarei da importância das praças e parques urbanos na educação ambiental e na melhoria da qualidade de vida e como Campos ganharia se tivesse uma política pública voltada para isso.

Fotos: Yuri Amaral

As praças tiveram sua origem nos primeiros centros urbanos da Grécia e Roma antiga e servem como local de passagem e socialização. São áreas públicas propícias a manifestações políticas e culturais e algumas delas foram palco de importantes momentos na história da humanidade. As praças representam ilhas horizontais em meio à verticalização cada vez mais intensa das cidades modernas, possibilitando a observação da paisagem ao redor. Pode-se considerar também como praças áreas não urbanizadas como as praias.


Praças possibilitam a criação de áreas verdes em meio à selva de pedra. Refúgio para animais, como nós, que precisam de alguns minutos de descanso sob a sombra de uma árvore entre uma atividade e outra. Ouvir os pássaros, o barulhinho da fonte, o cri-cri da cigarra, e ver a criançada brincar. Para os pequenos representa até mais, pois constitui um local próprio às atividades lúdicas de socialização e aprendizado, sendo uma importante ferramenta para a prática da educação ambiental para a geração do apartamento.


O uso de brinquedos coletivos estimula o senso de civilidade e altruísmo, além de possibilitar o relacionamento entre crianças de diferentes origens e classes sociais. A sociedade não é homogênea e o cidadão precisa ter ciência disso desde a infância. Ainda, constitui um importante espaço à prática de esportes, atividade essencial à melhoria da qualidade de vida.


No quesito praças e opções de lazer – não só infantil – Campos mantêm sua reputação de péssima administração. Não que a cidade tenha poucas praças, mas elas são concentradas nas regiões mais ‘nobres’ e, mesmo assim, costumam estar mal conservadas e/ou não oferecem segurança aos visitantes. Um caso crônico é a praça que fica atrás da rodoviária velha (não lembro o nome). Apesar de possuir diversos locais para a prática de esporte e acesso à internet, é muito pouco frequentada devido aos constantes assaltos e ao estado de conservação. Já vi inúmeras obras lá, uma em andamento, mas a situação nunca melhorou.


Alguns casos bem sucedidos se perderam com o tempo, como a Pracinha do Liceu, que apesar de receber inúmeras pessoas e ter passado por uma reforma recente, pouco a pouco está se deteriorando. Se é assim em bairros assistidos pelo poder público, o que dizer sobre os bairros periféricos? As praças que vi em periferias se resumem a bancos de cimento, brinquedos quebrados e quadras de futebol. Raramente à jardins, árvores, fontes de água potável ou estão conservadas.


O poder municipal deve olhar com mais atenção para as praças e jardins da cidade. Além do papel paisagístico e cultural, esses espaços contribuem para a qualidade de vida da população e consequente elevação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), além de ser uma importante opção de lazer para a família.

[Nas fotos: Apresentação da Dixie Square Band, durante o III Imagem Jazz & Blues, na Praça São Salvador. Ato público Chega de Palhaçada, organizado pela internet e realizado no calçadão do centro, ou Largo da Imprensa. Apresentação de Capoeira no pátio da prefeitura de Campos. Exemplos dos diversos usos de praças públicas. ]

sexta-feira, 17 de julho de 2009

BR-319 só sai com cumprimento integral das condições ambientais, diz Carlos Minc

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reiterou hoje (16), em Manaus, que o licenciamento ambiental da restauração e pavimentação da Rodovia BR-319 – que liga as capitais do Amazonas e de Rondônia - só sairá quando realmente forem cumpridas todas as condições ambientais exigidas.

Ele reforçou os pré-requisitos estabelecidos para a efetivação da obra (em um trecho de 400 quilômetros da estrada), que incluem a implantação de 28 unidades de conservação, sendo 11 unidades federais e 17 estaduais (nove no Amazonas e oito em Rondônia).

“Cabe a nós, como órgão licenciador, exigir que essas condições sejam cumpridas nessas 28 áreas e que somam mais de 10 milhões de hectares. Uma vez cumpridas todas as condições, não haverá mais nenhum problema. Não se pode imaginar que o licenciamento aconteça na área mais preservada sem que essas condições sejam completadas e previamente cumpridas”, reforçou.

Segundo Minc, a opinião do ministério é que a solução de mais baixo impacto seria uma hidrovia ou uma ferrovia para essa área. “Contudo, como o governo se decidiu pela estrada, criamos um grupo de trabalho formal, com governo estadual, universidade federal, Ministério dos Transportes, Ibama e Instituto Chico Mendes e esse grupo estabeleceu as pré-condições”, acrescentou.

A construção da BR-319 aconteceu na década de 1970. A falta de conservação da rodovia, entretanto, inviabilizou o trânsito na área. Na avaliação do ministro, exigir o cumprimento integral dos pré-requisitos para esta obra significa garantir que problemas ambientais futuros aconteçam.

O ministro citou o caso da BR 163 (Cuiabá-Santarém), ressaltando que grandes prejuízos ambientais ocorreram após a autorização da obra por causa da não obrigatoriedade das condições ambientais. Minc enfatizou que a extensão territorial da BR-319 é a área mais preservada da Amazônia.

Fonte: Agência Brasil ( O conteúdo deste site é publicado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 2.5. Brasil.).

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Amazônia volta a ser tema do Roda Viva

Publico o realise do programa de hoje do Roda viva, da TV Cultura, que tem Adalberto Val, diretor do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - ainda faço meu mestrado lá!), no olho do furacão.

"Nos últimos anos, a expansão agrícola, os projetos de colonização e de desenvolvimento industrial aceleraram a ocupação e o desmatamento da Amazônia.

Boa parte da região ainda é desconhecida do mundo. Cientistas exploram a Amazônia e descobrem todos os anos novas espécies enquanto lutam para encontrar um meio sustentável para a exploração.

O desafio atual é permitir o desenvolvimento científico e econômico amazônico sem agredir o meio ambiente.

Adalberto Val é diretor do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, órgão criado em 1952 e implementado em 1954 para realizar o estudo científico do meio físico e das condições de vida da região amazônica, além de gerar e disseminar conhecimentos e tecnologia, e capacitar recursos humanos para o desenvolvimento da Amazônia.


Entrevistadores: Darlene Menconi, jornalista de sustentabilidade; Randau Marques, jornalista especializado em ciência e tecnologia, um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Científico, fundador da SOS Mata Atlântica e da Oikos, União dos Defensores da Terra; Washington Novaes, jornalista, supervisor do programa Repórter Eco; Fábio de Castro, editor da Agência Fapesp.
Twitters no estúdio: Paula Signorini, Bióloga (http://twitter.com/paulabio); Carlos Hotta, pesquisador da Universidade de São Paulo (http://twitter.com/carloshotta); Maurício Bonas, jornalista (http://twitter.com/MauricioBonas).
Fotógrafo convidado: Alisson Sellaro Pelucio, gerente de projetos (http://www.flickr.com/photos/sellaro).


Apresentação: Heródoto Barbeiro"

O Roda Viva é apresentado às segundas a partir das 22h10.
Você pode assistir on-line acessando o site no horário do programa.
http://www2.tvcultura.com.br/rodaviva

Fonte: Sítio do Roda viva