quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Participação Civil em Campos

Hoje é dia de Rede Blogue. Este mês o assunto escolhido foi: "Como promover mecanismos para a participação política direta da sociedade civil em Campos?". O tema foi escolhido democraticamente no blogue Urgente!


Não me sinto muito a vontade para dar uma resposta à pergunta - não me considero uma autoridade no assunto. Mas dá para dar um palpite como cidadão e citar alguns exemplos que acompanhei de perto.

Um dos fundamentos mais importantes em uma democracia é a participação civil. Infelizmente no Brasil - com exemplo perfeito de Campos - a democracia tem se limitado às eleições, ainda assim com sérias deficiências. Raramente são observadas manifestações públicas da sociedade se posicionando a respeito de medidas tomadas pelo poder público, como se estivesse tudo bem com a cidade.

Duas experiências muito gratificantes foram o Plano Diretor Participativo e a Conferência Municipal de Cultura, logo no início do governo Lula. A primeira teve como objetivo definir potenciais metas para o desenvolvimento ordenado da cidade. O segundo, a melhor maneira de gerir a cultura Campista. O Plano Diretor contou com uma participação escassa, limitado a pensadores das principais universidades da cidade e estudantes que eram 'obrigados' a participar, e foi rapidamente rejeitada pela Câmara de Vereadores - o que já era previsto pelos participantes mais interessados. A Conferência de Cultura teve visível liderança da prefeitura e, que eu tenha reparado, não satisfez à necessidade dos principais artistas e provocadores culturais de Campos.

Ficou por isso mesmo. Nenhuma das ideias propostas foram encaminhadas e aceitas pela administração. Os incentivos à cultura continuam sendo paternalistas, sem considerar o mérito ou exigir prestação de contas dos beneficiados, muito menos são distribuidos perante edital público - ao que tudo indica continuará assim no governo Rosinha. E o plano diretor da cidade continua sendo definido entre quatro paredes.

Isso é sintomático. Primeiro por mostrar o descaso da própria população em participar desses fóruns populares. Segundo por expor o desalinhamento dos políticos com os anseios da população - mesmo que representados por meia dúzia de académicos. Terceiro por não haver nenhuma pressão - nem mesmo da imprensa - sobre o andamento disso tudo. Muito desmotivador.

Apesar disso, a participação se faz necessária. E, mesmo sendo poucos, há pessoas interessadas em discutir o rumo do município coletivamente. Isso deve ser estimulado. Mas parte de nós mesmos. É muito confortável sentar a bunda na cadeira em frente ao computador e ficar divagando sobre como a sociedade deve agir. Temos que agir! O tempo urge. E os royalties estão sendo desperdiçados. Não vai sobrar nada.

Palpite: Poderia ser criado algum tipo de Observatório Popular. Funcionaria via internet mas com um braço físico, como uma sede, e trataria de assuntos pertinentes ao município. Mas não como um blogue. Se trataria de um local onde informações pertinentes à administração públicas (contas, índices de governo, estatísticas, denúncias, etc) pudessem ser publicadas e a população comentaria. Não sei muito bem como funcionaria, mas teria que ser supervisionado por entidades respeitadas e de idoneidade reconhecida (OAB? Ministério Público? Universidades?).

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cavalhada de St. Amaro

A batalha entre Mouros e Cristãos é lembrada a 249 anos em Santo Amaro. Este ano o folguedo receberá R$ 10.000,00 por meio de edital da Secretaria de Cultura do estado, resultado da integração entre universidade e comunidade.

Fotos de Yuri Amaral.



Hoje (15/01/09) é feriado em Campos, dia de Santo Amaro. No distrito que leva o nome do santo, todo ano é celebrada a Cavalhada, a única do estado do Rio de Janeiro. Os cavaleiros representam a batalha entre mouros (vermelho) e cristãos (azul), que disputaram as terras da península Ibérica durante a idade média. Durante a manifestação são realizados jogos como a argolinha, onde os cavaleiros tentam pegar uma pequena argola com suas lanças enquanto cavalgam. Ao final do torneio, populares botam dinheiro ou presentes em suas botas em troca das argolas. Há também outras modalidas, onde o cavaleiro tem que quebrar um jarro pendurado ou pegar um pão com a lança.




A cavalhada é um patrimônio cultural da comunidade de Santo Amaro e sua continuidade é importante para Campos e para o estado, já que é a única cavalhada fluminense a resistir à passagem do tempo. O evento atrai comerciantes de todo o país, que montam feira em praça pública. O município ganha visibilidade e a economia local é aquecida. Pode ainda ser encarada como pontenciliadora do turismo campista.



A Cavalhada depende de outras atividades artesanais, como os ofícios do ferreiro e seleiro, contribuindo para a manutenção dessas atividades também. Espero que os jovens de Santo Amaro também apreciem e valorizem a Cavalhada.





Este ano a Cavalhada de Santo Amaro será beneficiada com R$ 10.000,00 conquistados através de edital da Secretaria de Cultura do estado. A comunidade teve apoio dos pesquisadores da Oficina de Estudos do Patrimônio Cultural da UENF para preencher os formulários e conquistar a verba. Outras três atividades tradicionais foram aprovadas no edital: um jongo, a fabricação artesanal de selas e o conhecimento na área de medicina popular com plantas (fitoterapia). Mais informações sobre os projetos aqui.